quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Aluno do EJA

Ao trabalharmos com EJA, devemos ter em mente o tipo de aluno que estamos atendendo, investigar a sua história, sua bagagem cultural, analisarmos o contexto biopsicossocial do qual esse sujeito faz parte. A partir destas características pensarmos em que estratégias lançaremos mão para atingir esse indivíduo que não é mais criança e já foi excluído da escola por inúmeras razões tendo o seu direito a uma educação de qualidade renegado. Também é importante que nós saibamos como esses jovens e adultos constroem seu conhecimento.

Para Oliveira (1999) a escola que atende EJA deve propor em seus PPPs, os currículos, programas e métodos de ensino, que garantam uma aprendizagem significativa para esses jovens e adultos. Levando em consideração as suas vivências, desenvolvendo suas habilidades e competências e as interações com todos os envolvidos nesse processo de aprendizagem, de tal maneira que possa promover a inserção desses indivíduos na sociedade, transformando sua realidade, ampliando a sua visão de mundo.

Os alunos da EJA geralmente são oriundos de classes populares, migrantes da zona rural, com histórico de exclusão social fortemente marcado em sua trajetória pessoal, que vêem na escolarização uma possibilidade de melhoria nas condições de trabalho, fazem parte de um grupo cultural bastante heterogêneo, com peculiaridades intelectuais distintas.

Na saída de campo pudemos constatar que a maioria dos jovens faz parte da zona urbana da cidade, são alunos multirepetentes que veêm na escola noturna uma possibilidade para continuar estudando, porém continuam levando tudo na brincadeira, se atrasam para entregar os trabalhos e demonstram indisciplina. Já os adultos encaram a sério a proposta do professor , demonstram mais interesse, questionam, dão sugestões e reclamam da indisciplina dos jovens, preferindo se matricular em turmas só de adultos.

Um dos fatores que contribui para a evasão e repetência dos alunos da EJA são as propostas de ensino que as escolas vêm oferecendo muitas vezes desconectadas da realidade do aluno, utilizando uma linguagem específica que não atende as especificidades desses sujeitos. Com isso há uma dificuldade na compreensão das regras estabelecidas pelas escolas, levando o aluno a desmotivação e reprovação, pois não sendo acolhido por esta se sente num mundo sem espaço para a fala e escuta dos seus anseios, distante de sua realidade. Somente com uma prática pedagógica que valorize o sujeito, trabalhando aspectos de seu contexto, inserindo a sua realidade no currículo, problematizando-a, oportunizando a apropriação da sua história como protagonista, são fatores preponderantes para o sucesso e a aprendizagem destes alunos.

O aluno da EJA vivencia situações de uso da escrita em diversas práticas sociais, o professor precisa levar em conta tais experiências elaborando estratégias que servirão como objetos de conhecimento na alfabetização.

A escola é um local de enfrentamentos de idéias, de culturas e palco das diferenças. Assim o aluno se torna sujeito de sua aprendizagem, sendo, portando protagonista da sua própria história, agente de mudança no seu contexto social.

REFERÊNCIA

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem. Revista Brasileira de Educação, 1999, p. 59-73

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