sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Avaliação



A tarefa de avaliar envolve muitas questões, desde a cobrança de índices de aprovação, por parte das mantenedoras, até a dificuldade e o despreparo dos professores em desempenhar tal função.

O professor é o grande mediador, facilitador do processo de aprendizagem, através da interação com seus alunos e comunidade escolar, possibilita o desenvolvimento da autonomia e a criação de vínculos, por isso, deve ter em mente a importância de um processo avaliativo justo, levando em consideração a reflexão do processo de aprendizagem por parte de todos os envolvidos.

Realizo a avaliação dos meus alunos levando em conta todos os momentos vivenciados por eles na sala de aula. Proponho atividades diversificadas como: pesquisas, trabalhos em grupo, saídas de campo, produções de texto, considero também a participação e interesse pelos assuntos discutidos.

Costumo observar o desempenho dos alunos e registrar todos os avanços e dificuldades enfrentadas, procuro respeitar o ritmo de cada um e tento rever as estratégias adotadas. A partir daí realizo as intervenções necessárias para que cada um possa sanar suas dificuldades e avançar no processo de aprendizagem.

As anotações realizadas servem de suporte para criar o parecer descritivo de cada aluno, onde são contempladas todas as aprendizagens realizadas pelos alunos nesse período, bem como as habilidades e competências desenvolvidas.

Além de realizar as avaliações dos alunos, também podemos avaliar o processo de ensino aprendizagem em que todos estão envolvidos, refletindo sobre a proposta pedagógica adotada e revendo a possibilidade de adotar outros caminhos, se necessário.

Através da avaliação, procuro aperfeiçoar minha prática, reformulando o meu planejamento, revendo minhas estratégias, pois afinal de contas quem ensina também aprende, portanto temos que estar abertos para as mudanças.


REFERÊNCIAS:


FERREIRA, Lucinete. O contexto da prática avaliativa no cotidiano escolar. In: Retratos da avaliação: conflitos, desvirtuamentos e caminhos para a superação. Porto Alegre. Mediação, 2002, p.39-61

Lingua Brasileira de Sinais






Particularmente não conheço nenhuma pessoa surda, porém eu trabalhei próxima a uma escola de surdos e quando pegávamos o ônibus ficava observando alguns jovens surdos.

Eles estavam sempre animados e conversavam entre eles usando a linguagem de sinais, se comunicavam também com o cobrador.

Em minha opinião as pessoas surdas não se diferem das demais, apenas utilizam outra maneira de se comunicar enfatizando os movimentos das mãos, do corpo e tem a percepção visual mais desenvolvida.

Num dia desses fui ao supermercado perto de minha casa e pedi ajuda para um funcionário que transitava pelos corredores ele então demonstrou não ter me entendido, logo que percebi que era surdo falei com ele frente a frente e pausadamente, possibilitando a leitura labial, então ele me ajudou a escolher o café que procurava sem maiores problemas.

Para se comunicar com os surdos acho que seria mais fácil se todos soubessem a LIBRAS e nós enquanto educadores mais ainda, pois a qualquer momento poderemos ter que atender um aluno com estas especificidades.

A cultura do surdo é formada por um grupo de pessoas surdas ou ouvintes e que utilizam um tipo de linguagem, regras de comportamento, valores próprios e que compartilham metas em comum e assim como todos nós vão à escola, trabalham, se divertem, namoram, enfim vivem.

Práticas de leitura, escrita e oralidade no contexto social

O conceito de letramento surge para separar estudos sobre as práticas sociais da escrita e a alfabetização. Tal estudo examina as mudanças políticas, econômicas, sociais e cognitivas relacionadas ao uso da escrita.

O letramento está presente na vida dos indivíduos mesmo antes destes serem alfabetizados. Um exemplo destas práticas seria a criança ouvir uma história contada por um adulto, acompanhando a sequência da mesma através das figuras do livro.

De acordo com a autora a escola se preocupa apenas com o processo de aquisição dos códigos da escrita, deixando de lado a sua função social que é observada em outras agências de letramento, como a família, a igreja, as placas das ruas, até mesmo as imagens da televisão, dos anúncios de produtos em folhetos de supermercados ou outdoors.

Observamos que muitas crianças conseguem realizar cálculos mentais, conversar sobre assuntos diversos, usar até o computador, ir ao mercado fazer compra para a mãe, mas tem dificuldade em usar o código escrito e numérico na escola.

As práticas do uso da escrita na escola seguem uma concepção de letramento do modelo autônomo, que leva em conta a competência individual que é utilizada apenas como forma de promover e aprovar os alunos, deixando de lado a função social da mesma. Nesse modelo a escrita seria um produto completo, pronto, sem estar presa ao contexto, representando uma ordem diferente de comunicação, distinta da fala.

O modelo ideológico, afirma que as práticas letradas são culturalmente determinadas pelo contexto social e instituições em que foi concebida, levando em conta a pluralidade e a diferença, investigando as características entre práticas orais e práticas letradas.

Alguns autores acreditam que a oralidade e a escrita não são extremas, há um contínuo entre ambas as modalidades de linguagem dependendo do foco em que estão empregadas, nem toda escrita é formal e planejada, nem toda oralidade é informal e sem planejamento.

Precisamos pensar o processo de aquisição da escrita como um processo contínuo ao desenvolvimento lingüístico da criança substituindo a ruptura que determina à práxis escolar.

As práticas letradas realizadas pela família ou em instituições como a igreja, são práticas coletivas essenciais onde o conhecimento sobre a escrita é construído coletivamente pela colaboração dos indivíduos de um determinado grupo. Por esta razão faz mais sentido reencaminhar o ensino da escrita na escola priorizando o que há de comum, de semelhante entre oralidade e a escrita valorizando e ampliando a sua função social.

As atividades planejadas para um dia letivo servem como evidências do que pode ser trabalhar o letramento e sua função social na sala de aula, os alunos ao criarem suas receitas de sanduíche passam a usar uma linguagem própria de um livro de receitas e começam a estabelecer as diferenças entre os diversos estilos de texto.

Atividades rotineiras como ir ao mercado, fazer uma lista de compras, ler a bula do remédio, preparar uma receita, calcular o troco da padaria ou do sorvete são práticas do dia-dia em que o letramento está presente.

A concepção do ensino da escrita como modelos que consideram a aquisição da escrita como uma prática discursiva que na medida em que possibilita uma leitura crítica da realidade, se constitui como um importante instru­mento de resgate da cidadania e que reforça o enga­jamento do cidadão nos movimentos sociais que lu­tam pela melhoria da qualidade de vida e pela transformação social (Freire, 1991:68). O resgate da cidadania, no caso dos grupos marginaliza­dos, passa necessariamente pela transformação de práti­cas sociais tão excludentes como as da escola brasileira, e um dos lugares dessa transformação poderia ser a desconstrução da concepção do letramento dominante.

REFERÊNCIAS:

KLEIMAN, Angela B. Modelos de letramento e as práticas de alfabetização na escola, 2006. In: KLEIMAN


Projetos de trabalho

Ao ler o texto de Hernández & Monteserrat (1998) e assistirmos aos vídeos compreendemos a importância de desenvolvermos uma proposta pedagógica tendo como ferramenta os projetos.

Utilizar os projetos para desenvolver um trabalho pedagógico é muito desafiador e podendo envolver alunos de todas as faixas etárias. As aprendizagens por meio dos projetos tornam-se mais significativas para os alunos, uma vez que podem trazer para o ambiente da sala de aula sua bagagem de conhecimentos e participar ativamente da troca de idéias visando a transformar e ressignificar suas aprendizagens.

O projeto poderá partir de uma idéia ou curiosidade dos alunos, oportunizando um trabalho integrado com todas as disciplinas e sujeitos da comunidade dentro e fora da escola. Os alunos aprendem a coletar e selecionar as informações recebidas e a partir destas constroem hipóteses que poderão originar a elaboração de conceitos que solucionarão as dúvidas levando o sujeito a encontrar as respostas e construindo seu conhecimento. Podem desenvolver sua criatividade, autonomia, criticidade, compartilhando conhecimentos, exercitando o prazer de pensar expressando o que aprenderam.

No projeto os conteúdos são mais flexíveis, parte da curiosidade e interesse dos alunos, assim a aprendizagem torna-se mais significativa e extrapola o ambiente escolar, oportunizando aos alunos protagonizarem seu processo de aprendizagem, exigindo do professor cumplicidade, atualização uma vez que deverá ser o animador de todo esse processo.

Este ano propus aos alunos um projeto sobre a diversidade étnica em nosso município para tomarmos conhecimento da participação das várias etnias que foram responsáveis pela construção da história da cidade. Para desenvolvermos esta temática fomos ao encontro de materiais que abordassem a etnia indígena e afro-brasileira, com o objetivo de nos apropriarmos de uma parte da história que não é contada nos livros, mas que é muito importante, pois faz parte da nossa própria história.

Buscamos materiais e propomos atividades variadas tais como: pesquisas, entrevistas com remanescentes da comunidade negra, saídas de campo (visitação a aldeia indígena na Feitoria), participação em seminários, etc. Enfim nos apropriamos da história como protagonistas do nosso saber.

REFERÊNCIAS:

HERNÁNDEZ, Fernando; MONTSERRAT, Ventura. Os projetos de trabalho: uma forma de organizar os conhecimentos escolares. In: _____. A organização do currículo por Projetos de Trabalho. 5ª edição, Porto Alegre: Artmed, 1998.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Aluno do EJA

Ao trabalharmos com EJA, devemos ter em mente o tipo de aluno que estamos atendendo, investigar a sua história, sua bagagem cultural, analisarmos o contexto biopsicossocial do qual esse sujeito faz parte. A partir destas características pensarmos em que estratégias lançaremos mão para atingir esse indivíduo que não é mais criança e já foi excluído da escola por inúmeras razões tendo o seu direito a uma educação de qualidade renegado. Também é importante que nós saibamos como esses jovens e adultos constroem seu conhecimento.

Para Oliveira (1999) a escola que atende EJA deve propor em seus PPPs, os currículos, programas e métodos de ensino, que garantam uma aprendizagem significativa para esses jovens e adultos. Levando em consideração as suas vivências, desenvolvendo suas habilidades e competências e as interações com todos os envolvidos nesse processo de aprendizagem, de tal maneira que possa promover a inserção desses indivíduos na sociedade, transformando sua realidade, ampliando a sua visão de mundo.

Os alunos da EJA geralmente são oriundos de classes populares, migrantes da zona rural, com histórico de exclusão social fortemente marcado em sua trajetória pessoal, que vêem na escolarização uma possibilidade de melhoria nas condições de trabalho, fazem parte de um grupo cultural bastante heterogêneo, com peculiaridades intelectuais distintas.

Na saída de campo pudemos constatar que a maioria dos jovens faz parte da zona urbana da cidade, são alunos multirepetentes que veêm na escola noturna uma possibilidade para continuar estudando, porém continuam levando tudo na brincadeira, se atrasam para entregar os trabalhos e demonstram indisciplina. Já os adultos encaram a sério a proposta do professor , demonstram mais interesse, questionam, dão sugestões e reclamam da indisciplina dos jovens, preferindo se matricular em turmas só de adultos.

Um dos fatores que contribui para a evasão e repetência dos alunos da EJA são as propostas de ensino que as escolas vêm oferecendo muitas vezes desconectadas da realidade do aluno, utilizando uma linguagem específica que não atende as especificidades desses sujeitos. Com isso há uma dificuldade na compreensão das regras estabelecidas pelas escolas, levando o aluno a desmotivação e reprovação, pois não sendo acolhido por esta se sente num mundo sem espaço para a fala e escuta dos seus anseios, distante de sua realidade. Somente com uma prática pedagógica que valorize o sujeito, trabalhando aspectos de seu contexto, inserindo a sua realidade no currículo, problematizando-a, oportunizando a apropriação da sua história como protagonista, são fatores preponderantes para o sucesso e a aprendizagem destes alunos.

O aluno da EJA vivencia situações de uso da escrita em diversas práticas sociais, o professor precisa levar em conta tais experiências elaborando estratégias que servirão como objetos de conhecimento na alfabetização.

A escola é um local de enfrentamentos de idéias, de culturas e palco das diferenças. Assim o aluno se torna sujeito de sua aprendizagem, sendo, portando protagonista da sua própria história, agente de mudança no seu contexto social.

REFERÊNCIA

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Jovens e adultos como sujeitos de conhecimento e aprendizagem. Revista Brasileira de Educação, 1999, p. 59-73



...a alfabetização, concebida como o conhecimento básico, necessário a todos, num mundo em transformação, é um direito humano fundamental. Em toda a sociedade, a alfabetização é uma habilidade primordial em si mesma e um dos pilares para o desenvolvimento de outras habilidades. (...) O desafio é oferecer-lhes esse direito... A alfabetização tem também o papel de promover a participação em atividades sociais, econômicas, políticas e culturais, além de ser um requisito básico para a educação continuada durante a vida. (Declaração de Hamburgo sobre a Educação de Adultos, de 1997).

A educação de Jovens e Adultos- Eja é uma modalidade de ensino que visa educação aos jovens e aos adultos que não concluíram seus estudos em idade apropriada por motivos diversos. Desta forma vem auxiliar na tarefa de diminuição das diferenças sociais e discriminações resultantes destas, resgatando uma divida histórica de exclusão social.

Busca interferir no campo das desigualdades sociais, possibilitando maior igualdade no espaço social e contribuindo para a concretização da universalização do direito a escola e ao ensino de qualidade, o que significa ter acesso a um bem real, social e simbolicamente importante, contribuindo para a conquista da cidadania e a inserção no mundo do trabalho, através da aquisição das competências exigidas para isso. Oferecerá condições a trabalhadores e a tantos outros segmentos da sociedade que foram desfavorecidos quanto ao acesso e permanência na escola, oferecendo proporcionalmente, maiores oportunidades de resgate da vida escolar e oferecendo reais condições de igualdade social através da aquisição de um ensino que os qualifique profissionalmente e que promovam o pleno exercício da sua cidadania.

Através do acesso a cultura e ao conhecimento formal, o EJA, busca auxiliar na construção da autonomia, da auto-estima e da valorização da identidade social de seu alunadoMais que resgatar dividas sociais ou atender demandas da atualidade, a educação de jovens e adultos propõe novas perspectivas de vida e sociedade, já que se baseia no caráter incompleto do ser humano e concebe o conhecimento como um bem historicamente construído e por tanto constantemente modificável, precisando assim escola, alunos, conteúdos e materiais didáticos se adequarem constantemente a estas modificações, principalmente os que envolvem as tecnologias de comunicação e informação, para melhor qualificação de vida para todos. Para tanto atribui significado as experiências sócio-culturais de seus alunos, possibilitando que igualitariamente, todos possam se formar, se desenvolver e constituir conhecimentos, habilidades, competências e valores que serão utilizados.

O profissional do magistério que se dedica ao Eja deve estar preparado para trabalhar com um grupo de estudantes, que podem ou não serem trabalhadores, podem estar afastados a muito tempo da escola, podem ter dificuldades de manter a freqüência e ou as atividades, podem ter idade igual ou superior ao do professor, etc. Fatores que de uma forma ou de outra podem trazer muitas diferenças nos resultados de trabalho e até mesmo provocar a evasão escolar.

Referência:

· Parecer CEB 11.2000_Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens e Adultos.

· GADOTTI, Moacir. Estado e Educação Popular: políticas de educação de jovens e adultos. Paixão de Aprender: escola, conhecimento e cidadania. Secretaria Municipal de Educação, Prefeitura Municipal de Porto Alegre, out. 1993, n. 5, p. 54-5.